segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Treino Mental - Confiança (as 4 fontes)



A característica mais impressionante da confiança é o quanto ela é uma construção tão frágil para tantas pessoas. O desporto está cheio de altos e baixos que podem ter impacto na nossa confiança. Há uma grande dose de falhas naturais em todos os desportos. A título de exemplo, os grandes quarterbacks no futebol americano fazem passes incompletos em 40% das ocasiões; os jogadores de basquetebol de topo falham cerca de 50% dos lançamentos que fazem; os melhores batedores no baseball falham 70% dos batimentos que tentam; os grandes avançados do futebol apenas acertam na parte de dentro das redes em cerca de 10% das tentativas. Ou seja, até os melhores atletas “lutam” com os seus desempenhos periodicamente e com a necessidade de reparar, restaurar e reconstruir a sua confiança.

A falta de confiança faz com que alguns atletas se retraiam, parem de comunicar e se tornem distracções para os seus colegas de equipa. No fundo, a verdadeira confiança deve vir de dentro de cada um. Deves acreditar em ti e em quem és como pessoa. Esta é a única forma de levares os outros a confiarem em ti. Ao invés de narcisista, arrogante ou egoísta, deves estar confortável contigo e aceitar-te por quem és.

quatro fontes principais de confiança que todos os atletas (e não só) usam para criar, construir e manter a sua confiança:

1)      Preparação – uma das melhores fontes de confiança é lembrarmo-nos da quantidade e da qualidade de trabalho duro que já fizemos. Trabalho árduo e uma excelente preparação são as pedras basilares da confiança. Se eu me aplico ao máximo na tarefa de melhorar o meu jogo, tenho o direito a estar confiante. Sei que paguei o preço do sucesso. Quando sei que trabalhei tanto ou mais do que a pessoa com a qual estou a competir, tenho o direito a acreditar que posso competir com essa pessoa e vencê-la. A confiança é, então, algo que se conquista pela qualidade com que se treina. Se existirem áreas da preparação em que detectas falhas, então devem ser essas as áreas a que deves dedicar mais atenção no futuro próximo;

2)      Auto Percepção (Pontos Fortes) – outra excelente forma de construir a confiança é fazer uma lista de todos os pontos fortes que possuímos enquanto atletas. O que faço bem? Quais os meus trunfos no aspecto físico? (velocidade, rapidez, força, flexibilidade, resistência, etc.) Que aspectos do jogo são as minhas melhores “armas”? (manejo de bola, lançamento, defender, etc.) Quais são as minhas competências comportamentais (competitividade, ética de trabalho, atitude, persistência, brio, etc.) Mais uma vez, não se está aqui a recomendar que sejamos convencidos ou arrogantes. Mas é necessário saber quais são os nossos trunfos e termos orgulho neles, pois só assim saberemos usá-los durante a competição. Se lutas com a tua confiança por ser um perfeccionista, deves deixar de ser tão crítico contigo próprio. Se não consegues fazer uma lista dos teus pontos fortes, pede a alguém da tua confiança para te ajudar nessa tarefa. Os teus colegas de equipa e o teu treinador verão algumas competências que talvez nem sequer penses ter no momento. Aceita os comentários deles e força essa cabeça a acreditar, em vez de tentar negá-los ou ficar embaraçado com essas opiniões;

3)      Memória (Sucessos Passados) – Reflectir acerca de sucessos passados é também uma excelente forma de aumentar a confiança. Lembra-te de algumas jogadas-chave que realizaste ao longo da tua vida. Se conseguiste nessas situações, então já mostraste a ti e a outros que tens o que é necessário para ter sucesso. Se a competência física está lá, só é necessário a recordação mental de modo a que voltes a ter um bom desempenho quando viveres uma situação semelhante, mesmo que noutro contexto. Até as derrotas e as tentativas mal sucedidas são importantes para construir a confiança, desde que se saibam retirar os devidos ensinamentos;

4)      Elogios – usar as palavras e as acções de outros pode ser também uma forma de construir a nossa confiança. Pensa numa situação em que alguém que realmente admiras te fez um elogio. Como te sentiste? A crença dessa pessoa em ti não te fez acreditar em ti mais um pouquinho? Idealmente, podes olhar para trás e lembrar-te de palavras elogiosas de colegas, treinadores, adversários, pais, professores, amigos, conhecidos ou outros. Usa estes elogios para te recordares que tens o que é necessário para teres o sucesso ambicionado.

Apesar destes serem os quatro pilares em que assenta a confiança, devemos ter o cuidado de não atribuir peso excessivo aos elogios. Claro que podem ajudar a “aumentar” a nossa confiança esporadicamente, mas não os podemos usar como única (ou sequer como principal) fonte de confiança. Porquê? Duas razões. Em primeiro lugar porque este é um aspecto não controlável da nossa preparação, devendo-nos focar sempre nos aspectos que podemos controlar. Em segundo lugar, porque podemos encontrar-nos num contexto em que os elogios não são dados com frequência. Se precisamos de outros para nos dar confiança e a pessoa que nos lidera não o faz, essa confiança vai acabar por “morrer de fome”. Estas são as principais razões pelas quais nos devemos sempre preparar para realizar mais do que nos pedem, recebendo menos reconhecimento do que aquele que consideramos justo. E aumentar a confiança com o que realizamos, ao invés de a deixar cair pela ausência de palavras elogiosas.

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