Estamos a apenas 2 dias da chegada de mais um novo ano: 2012. Certamente ouviremos, nos balanços a 2011, que foi um ano particularmente bom. Porque ficámos em último no Eurobasket masculino, quando podíamos ser Húngaros. Porque tivemos uma equipa masculina nas competições europeias, quando somos "poucos, pequeninos e pobres". Coitadinhos de nós... Enfim.
Mas deixemos os balanços e dediquemo-nos um pouco ao futuro. Ao novo ano que se avizinha. É para ele que aqui ficam 12 desejos para, quem sabe, acompanharem as 12 passas, durante as 12 badaladas da mudança...
1: Regressar à Europa - Equipas masculinas que se apurem para as competições europeias de clubes devem ser obrigadas a nelas participar, sob pena de penalizações pesadas (multas e descidas de divisão). Só assim se respeita todo um País que compete durante alguns meses. Só assim esse mesmo País se começará a dar ao respeito...
2: Equipas com um máximo de 2 (DOIS) estrangeiros não comunitários - Poderia estar a descrever as implicações negativas de se aplicarem internamente regras desfasadas das da FIBA Europa, mas aconselho antes a entrevista de Aito Garcia Reneses à ANTB. Esta incoerência organizacional só é compreensível face ao isolamento e ao proteccionismo da mediania lusa a que nos dedicámos nos últimos anos...
3: Cidadãos Europeus equiparados a Nacionais - Cumpram-se os acordos internacionais, assim como o emendar de mão forçado a que a FPB recentemente se sujeitou. Se na próxima época houver 1 (UM) atleta nestas condições nos nossos campeonatos, será já uma verdadeira revolução. Talvez a"revolução inclusiva" de que necessitamos...
4: Fim do Pacto de Cangalheiros (gentilmente apelidado pela FPB como "acordo de cavalheiros") - Como é sabido, um grupo de dirigentes de clubes ter-se-á reunido no Verão passado, tendo definido (completamente à rebelia do Regulamento de Competições) qual o número de americanos que lhes daria mais jeito ter esta época. Ora bem, apesar de Portugal se encontrar no Jurássico do dirigismo desportivo no que ao basquetebol diz respeito, podiam ao menos tentar disfarçar que andam cá para competir, encher pavilhões e elevar o nível do nosso basket. Pelo contrário, esforçam-se por perpetuar a única pobre realidade que conhecem e onde se sentem confortáveis: "americano é que é bom! E baratinho!!", "prospecção na Europa é conceito megalómano e de doidos!", "se pudermos ir andando por cá, sempre com os mesmos a ganhar isto... nem levantaremos quaisquer ondas! Podemos?..."
5: Também queremos ganhar! - Aparecimento de 1 (UM) clube da LPB que trabalhe e afirme claramente que se assume como candidato à vitória. Termos uma Liga onde há poucas equipas e, de entre essas, só duas se assumem como candidatas a vencer é, no mínimo, ofensivo para a competitividade que se deseja.
6: Basquetebol na TV ou na internet - Há vários anos que o basquetebol não é visto nos locais onde a "mão de obra", leia-se talento, é mais abundante pois deixou de dar na televisão em canal aberto. A uma proposta apresentada no passado Verão e que dotaria a FPB de condições para transmitir todos os jogos da LPB e da Proliga, a FPB fingiu-se de surda. O resultado desta longuíssima "visibilidade zero" é a ausência de referências entre os jovens e de identificação com um desporto que não tem, actualmente, qualquer reconhecimento mediático em canal aberto logo, é apenas visto por quem tem mais euros no bolso...
7: Basquetebol para o público - Pavilhões sem condições mínimas de segurança, ambientais e de conforto. É este o contexto maioritário que encontra qualquer jovem que deseje entrar no basquetebol e é este o cenário que actualmente afasta o público dos pavilhões. Na esmagadora maioria dos jogos de basquetebol que acontecem em Portugal encontramos na bancada apenas familiares e amigos dos participantes. Os fãs de basquetebol encontram-se em vias de extinção!!!
8: Site FPB inteligível - Provavelmente o pior site desportivo em Portugal, o site da FPB tem a particularidade de ser tudo menos de fácil compreensão ou utilização. Mais uma demonstração de que há muita coisa que se faz só olhando para dentro, o site da FPB deveria ser apelativo, "user-friendly" e mais vocacionado para a pedagogia e para os aspectos fundamentais do jogo. Com o devido respeito, o site deve ser menos virado para os dirigentes, poupando-se assim notícias sobre a família do Sr. Presidente ou sobre o que o nosso Director Técnico faz nas suas incursões pela FIBA Europa (local com regulamentos de competições tão complexos que o nosso DTN ainda não teve oportunidade de os decifrar e fazer cumprir internamente). Interessa sobretudo o basquetebol e os seus artistas, sempre na óptica de serem um apelo à vinda de mais adeptos e à natural renovação de gerações que não tem acontecido.
9: Selecção Nacional treinada por quem nela acredite - As declarações dos responsáveis técnicos pela nossa selecção após o Eurobasket 2011 foram, no mínimo, irresponsáveis. Sobretudo porque nesse campeonato entrou a Macedónia! Mas é difícil abrirmos os olhos e espreitarmos para o lado... A negação da possibilidade de Portugal vir a fazer parte da elite europeia e mundial no basquetebol é legítimo para todos menos para quem comanda os melhores da nação. A resignação deve dar lugar imediato à capacidade de sonhar, devendo para esse efeito ser contratado um treinador que não se acomode e que seja uma reserva inesgotável de optimismo, patriotismo e ambição saudável.
10: Aproximação a Espanha - Em linha com a lógica apresentada para que os clubes regressem às competições europeias, não faz sentido que a Selecção Nacional se reúna tão esporadicamente, dado que somos dos piores que a Europa actualmente possui. Na minha perspectiva, quanto mais longe estamos do topo, mais trabalho deve ser feito para nos aproximarmos. E esse topo é mesmo aqui ao lado... a uns kms de distância... Percamos o orgulho burro e o mimo próprio de quem é tão, tão protegido e arregacemos as mangas para jogar mais vezes com "nuestros vecinos". Mesmo com as dores iniciais do impacto mais regular, o resultado só pode ser positivo!
11: Uma Associação a discordar - Face à degradação a que o basquetebol tem vindo a ser sujeito ao longo das recentes décadas, estranho o silêncio comprometido e complacente de TODAS as Associações Distritais de Basquetebol do nosso País. É incrível, mas parece que está tudo bem, que a máquina está oleada e que o caminho é mesmo este... Chega de nos agarrarmos aos benefícios pessoais e sociais que advêm de pertencer a uma destas estruturas e assumir o papel responsável que devemos ter em prol do basquetebol português. Estranho muito qualquer "paz podre" com que me vou cruzando ao longo da vida. Ainda estranho mais esta, atendendo ao estado subnutrido e resignado deste desporto que adoro, neste País que é o nosso!
12: Aprender com o Feminino - O basquetebol feminino está actualmente bastante melhor do que o basquetebol masculino. A razão pode estar em não terem cometido alguns dos erros apontados atrás, nesta lista de desejos. Mas, mais do que razões, neste momento interessa-nos encontrar soluções eficazes e de aplicação a curto-prazo. O basquetebol feminino parece-me que tem bastante a ensinar, actualmente, ao basquetebol masculino.
Abraço e um excelente 2012 para tod@s!!
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